O MATCH – Residência médica nos EUA, por Felipe Batalini

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O MATCH – Residência médica nos EUA, por Felipe Batalini

Esse post é de certa forma continuação do post em que falo dos Step’s e da Certificação:

http://neurocirurgiabr.com/o-usmle-e-seus-steps-a-licenca-medica-americana-dr-felipe-batalini/

Muitas pessoas perguntam sobre quais os pré-requisitos para admissão na residência médica.

Motivado pelas centenas de respostas que já dei, finalmente vou colocar aqui um resumo, facilitando a vida de todos, inclusive a minha.

A escolha dos candidatos para as vagas de residência nos EUA é feita de forma unificada, nacional. Existe um sistema onde os candidatos fazem upload das suas informações.

“Match Day”, é o dia em que o cruzamento dos candidatos com as vagas é divulgado, geralmente em março, depois dos programas convidar os candidatos para entrevistas entre novembro e fevereiro e entregarem sua lista de candidatos que aceitariam a central de residências americana, a NMRP. Da mesma forma, após as entrevistas, os candidatos também entregam uma lista com os programas em que gostariam de fazer a residência.

De forma geral, os programas de residência médica avaliam uma série de critérios do candidato, os principais são:

1)      Notas nos Step’s:

2)      Cartas de recomendação

3)      Publicações

4)      USCE

1) Notas nos Step’s

É consenso que a nota mais importante é a do Step1, mas todas as notas são importantes. Esse assunto foi bastante abordado no post anterior. O material que deve ser usado é uma das coisas que mais me perguntam, mas na minha opinião é a pergunta mais difícil, pois cada um tem suas deficiências e dificuldades especificas. Parece consenso que o principal livro é o First Aid e o principal banco de questões o banco do usmleworld.com, eu usei ainda os vídeos do Kaplan. O estudo ainda deve ser complementado possivelmente com outros livros de matérias específicas. Sugiro, para esse tema, trocar idéia na comunidade do facebook USMLE Brazil, onde tem alguns post nesse tema.

2) Cartas de recomendação (LOR’s)

As cartas de recomendação, ou LOR’s, de “letter of recommendation” tem alta relevância, são geralmente conseguidas durante estágios (USCE) aqui nos EUA, que podem ser feitos durante ou após a graduação. Os médicos americanos são criteriosos, e não vão dar LOR caso não goste do seu trabalho ou postura, e de forma alguma, se não tiver convivido com você. Cartas de médicos brasileiros que não praticam nos EUA costumo dizer que tem pouco ou nenhum peso, mas se você tiver carta do Pitanguy, pode ser diferente…

3) Publicações

Como publicações entendem-se desde pôsteres em congressos a artigos publicados em revista internacional e também capítulos de livro. Os americanos dão mais valor em produção cientifica que os programas brasileiros. Em alguns programas, os candidatos tem em média muitas publicações, em outros, quase nada. Ainda assim, é importante critério na seleção dos candidatos. Empenhe-se durante sua graduação, pense em projetos, coloque-os em prática, mesmo com as conhecidas limitações das universidades brasileiras, leve pôsteres, comece, tente, escreva artigos e envie a revistas, fuce, não é fácil, mas tem que revirar, até que uma hora pega o jeito. O melhor começo é ler muitos artigos…

4) USCE

USCE vem de “United States Clinical Experience”, cujo tema é motivo de muita confusão entre os interessados em entender o processo, tentarei simplificar aqui um pouco. A melhor opção é fazer o estágio antes de se formar, assim sendo, o estágio chama-se clerkship, e tem a característica de ser hands-on, ou seja, o aluno coloca a mão na massa, por isso é mais valorizado pelos programas que estágios de médicos formados. Os estágios realizados após a graduação, conhecidos como observership, ou ainda externship, tem menos valor que os clerkship, mas eles ainda são importantes, pois é a oportunidade do candidato conseguir boas cartas de recomendação, bem como envolver-se com pesquisa e publicar. Algumas empresas oferecem esses externship mediante pagamento, mas também é possível conseguir através de contatos e e-mail. Como? A tarefa é mesmo árdua, tem que vasculhar os sites das inúmeras universidades americanas e se informar.

Notas gerais

Algumas especialidades são notadamente mais concorridas que outras, logo, os pré-requisitos aumentam, cirurgia plástica, radiologia, ortopedia, dermatologia e neurocirurgia são especialmente concorridas, mesmo para americanos. Não que seja impossível, mas o estrangeiro tem que definitivamente impressionar através de suas credenciais. Ainda assim, tudo é possível, há mais diversas histórias, de notas nem tão boas e um match excepcional, mas isso é extraordinário.

Reforço ainda que esses não são os únicos critérios, e também de forma nenhuma a ordem escrita reflete que um é mais importante que outro, pois isso varia de programa para programa.

Além disso, o conteúdo desse texto reflete minha visão pessoal sobre o processo, e pessoas diferentes podem concordar ou não com algumas afirmações.

No post anterior sobre os step’s estão outros links de documentos oficiais importantes a serem lidos, são leituras indispensáveis a quem quer levar a sério esta idéia, ler o “bulletin of information”, do USMLE e também o “information booklet” da ECFMG. São os documentos base, oficiais de todo o processo. Qualquer dúvida ou informação divergente, é sempre seguro recorrer a publicação oficial, disponíveis nos sites oficiais, não deixe de visitar: www.usmle.org , www.ecfmg.org  .

Para mais informações de critérios e detalhamentos, pesquise nos documentos da NMRP  (http://www.nrmp.org/), eles liberam dados do último match como notas médias, quantidade de publicações e outros detalhes, é bastante interessante.

Grande abraço a todos, desejo sinceramente que caso optem por esse projeto, eu tenha ajudado, minimamente que seja, a realizar seus sonhos!

Com carinho,

Felipe Batalini

Médico pela UEL em 2010 (http://www.uel.br/portal/)

Atualmente realizando observership na UCLA.

(http://www.ucla.edu/) (http://www.ucla.edu/health-system/)

email: batalini@outlook.com

instagram: felipebatalini

facebook: Felipe Batalini